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É possível inovar na forma de ensinar e aprender?

É possível inovar na forma de ensinar e aprender?
Pedro Henrique Kruk Setti
mai. 19 - 5 min de leitura
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Uma pesquisa realizada pelo Instituto Peninsula (https://www.institutopeninsula.org.br/wp-content/uploads/2020/03/Pulso-Covid-19_-Instituto-Peni%CC%81nsula.pdf) em março desse ano aponta que 8 a cada 10 professores da educação básica brasileira não se sentem preparados para a dinâmica de ensino online. Cerca de 90% dos entrevistados nunca haviam ensinado dessa forma, e apenas 55% deles receberam algum tipo de treinamento para realizar tal atividade. É possível notar que mesmo professores que recebem instruções e treinamentos não estão seguros para ministrar suas aulas a distância.

Apesar dessa pesquisa ter como foco a situação dos professores, o reflexo é direto no formato de educação que conhecemos hoje. Quase 40 anos após o lançamento do primeiro computador pessoal acessível do mundo, ainda é muito difícil transferir a sala de aula para dentro da tela. Para entender isso é preciso voltar "um pouco" mais no tempo.

Em 1712, Thomas Newcomen desenvolve o motor a vapor, revolucionando as máquinas desse tipo que vinham sido desenvolvidas desde o século anterior, e muda toda a produção na época, marcando na história o que chamam de Primeira Revolução Industrial.

Com um século de desenvolvimento tecnológico a partir do motor de Newcomen, foram criadas as primeiras máquinas de produção em larga escala, que precisavam mão de obra as vezes qualificada, mas sempre treinada para atender a dinâmica e as necessidades do chão de fábrica. Nesse contexto, surge a educação pública com o objetivo de suprir as necessidades do processo de industrialização.

No entanto, apesar do nível de aprofundamento da educação aumentar à medida que a tecnologia fica mais complexa, o formato dela permanece até hoje muito semelhante ao modelo do século XIX. Fileira de carteiras, com alunos geralmente uniformizados, aulas de tempo contado e um sino anunciando o início e o fim de cada atividade ao longo da jornada diária. A frente da sala de aula, se posicionava um professor como detentor do conhecimento, enquanto os alunos eram vistos como depósitos deste, repetindo e obedecendo as ordens dadas pelo superior.

No Brasil, foi só no final do século XX, com a revolução da filosofia do método de ensino por Paulo Freire, que se mudou esse paradigma. Freire acreditava que a educação deveria ser libertadora, fazendo com que os alunos relacionassem o novo conhecimento a coisas que eles já sabiam e a suas experiencias. Mesmo assim, hoje ainda estamos presos aos moldes industriais.

Mas afinal, como isso poderia ser diferente?

A resposta é inovação, e o curso de inovação dado pela Furf é um ótimo exemplo disso.

O curso é ministrado baseado em duas características: método e formato; e essas características se dão de maneira inovadora.

Quanto ao método, é possível perceber a intenção dos designers de guiar os alunos através de conceitos e caminhos baseados em experiencias reais, trazendo fatos históricos e pessoais como forma de visualizar por si só o que eles querem dizer, e não repetir um discurso apostilado. O próprio desenvolvimento do curso como uma jornada épica ilustra um caminho mental a ser seguido, com todas as partes amarradas de forma lógica. Além disso, após apresentar os conceitos e o caminho, o aluno é incentivado a construir o conhecimento investigando e propondo soluções para problemáticas reais.

Essa aprendizagem teórica baseada na prática casa muito bem com o formato audiovisual do curso, que se assemelha muito com um podcast. Isto é, "um texto para ouvir". Dessa forma, as informações são transmitidas de forma oral e o aluno as recebe como se estivesse lendo um texto. O contraste do áudio cheio de informação facilmente compreensível, devido ao método educacional, com o visual bastante limpo derruba a barreira entre aluno e professor, aproximando-os como numa conversa, além de deixar o vídeo livre para ilustrar algo quando necessário, e possibilitar que o aluno exercite também a imaginação e a criatividade. Dar a abertura do aluno escutar a aula enquanto faz pesquisas para visualizar o que o professor está falando enriquece ainda mais o conhecimento.

A divisão do assunto completo em módulos bem estruturados em vídeos pontuais e importantes sobre cada tópico, que compõe cada módulo, também facilita o entendimento do todo. Como dito no próprio curso, é dividir um problema grande em problemas pequenos, e resolver um de cada vez.

Todas essas características em conjunto simbolizam uma inovação na forma de ensino, que desconstrói um conceito baseado em um modelo industrial. Vejo isso como uma forma de aproximar as pessoas com a vontade de aprender, o ensino com a tecnologia, e as pessoas com elas mesmas. Tudo de forma muito rica, e com ainda mais valor em momentos como esse.


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