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Em tempos de especialistas, decidi ser generalista.

Em tempos de especialistas, decidi ser generalista.
Thayan Acevedo
jul. 30 - 5 min de leitura
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Você já ouviu um “o que você quer ser quando crescer” ou “como você se vê daqui 5 anos” e não teve resposta? Eu também!

Na minha infância era muito difícil tomar decisões: qual era meu esporte preferido, qual era o desenho mais legal, qual atividade era mais prazerosa...

Eu jogava futebol, vôlei, basquete, tênis, taekwondo, handebol, caçador, xadrez. Participava de todas as competições na escola, não deixava de competir em nenhuma.

Decidir o que ia ver na televisão era pior, pois eu tinha que abdicar de algum desenho para ver outro. Oh céus. Gostava muito de tocar instrumentos musicais, mas não conseguia escolher qual gostava mais. 

Também gostava de desenhar, mas não tinha certeza se era mais legal desenhar casas, Pokémons ou mesmo a série de quadrinhos fictícia que inventei (foram 5 edições, porém perdi todas).

Gostar de me envolver com várias atividades no começo era um problema, pois quem quer abraçar o mundo acaba não abraçando ninguém. Muitas vezes acabei começando algo que nunca terminei, aliás, na maioria das vezes eu começava e não terminava. 

Quando fui para faculdade tentei arquitetura como primeira opção e na segunda, nem lembro, mas era algo relacionado ao meio ambiente. No entanto, também pensava em cursar educação física, oceanografia, engenharia de alimentos e desenho industrial. Bem contrastante, eu sei, porém gostava de tudo.

A multipotencialidade é um termo que define quem tem interesse e se destaca em mais de uma atividade ou área, especialmente, no ramo profissional. Isso influencia positivamente e negativamente na vida, resultando em muitas mudanças. 

Mudanças de cidade, de curso, de relacionamentos e principalmente empregos são os mais comuns. A multipotencialidade não tem a ver com inteligência e sim com a capacidade intelectual de administrar várias atividades. Ela inclui profissões, hobbies e projetos.

Escolhi a Publicidade por ser o curso mais amplo da minha lista de opções. Eu poderia escolher entre as várias oportunidades que o curso oferece, como fotografia, vídeo, planejamento, mídia, redação, atendimento, eventos.

Mesmo sendo multipotencial, uma hora as decisões precisam ser tomadas e eu decidi trabalhar com marketing digital. Mas nesse universo gigantesco, me vi em um grande problema. Meu ex-chefe trouxe a seguinte questão:

“Thayan, precisamos que você seja um especialista!”.

Não que eu não achasse legal ser especialista naquilo, mas nunca me vi preso trabalhando com uma coisa só por um grande período na minha vida. Aquilo foi o grande gatilho para procurar novas oportunidades.

Eu sentia que poderia entregar mais. Eu me sentia um camaleão, absorvendo rapidamente e me adaptando a cada novo desafio.

Durante minhas experiências acadêmicas e profissionais sempre busquei a excelência não somente na minha área, mas também nos mais diversos assuntos. Sempre estudei muito.

Por muito tempo eu pensava que isso era ser eclético, mas depois entendi que ter uma cabeça aberta era mais do que ecletismo, era o famoso pensar fora da caixinha.

Por minhas experiências profissionais e pelo comportamento de fugir sempre da zona de conforto, fui convidado a ser professor. De cara pensei em recusar, como assim professor? Quem vai querer me ouvir? Tenho conhecimento para tanto? Vou conseguir administrar uma sala de aula?

Mas assim como a maioria dos desafios propostos a mim, eu aceitei. Mais do que isso, me propus a trazer a mesma excelência que eu buscava trazer no meu emprego, nos projetos pessoais, no esporte. 

Eu só não esperava que iria me encontrar numa sala de aula. Ser professor me abriu horizontes que provavelmente nunca encontraria em cursos, graduações ou em outros empregos. Me apresentou um novo Thayan, com seus defeitos e qualidades que ainda não haviam se declarado.

O segredo de ter êxito em várias atividades, é o brilho no olhar. Assim como gosto de falar em sala de aula, para você ser feliz e produtivo, você precisa ter prazer. E prazer nada mais é que satisfação em realizar determinada atividade.

 Não há demérito nenhum em querer realizar vários projetos ao mesmo tempo. Não deixe de fazer um curso de gastronomia, aula de dança ou mesmo um canal no Youtube porque não tem relação com sua formação. Você pode ser bom em várias coisas sim.

Além de conciliar a vida de publicitário e professor, ainda arranjo tempo para os projetos pessoais, a vida de gamer, o futebolzinho com os amigos e as pós-graduações. Todos os dias busco aprender algo novo, para aplicar no trabalho, nas aulas, na vida. Não quero ser especialista em algo e sim um eterno aprendiz.

Se você se sente atraído por diversas direções diferentes e sente dificuldade de saber qual a direção correta, não se preocupe. As pessoas não têm uma única vocação.

Cinco, dez, cem projetos, não importa quantas atividades você esteja envolvido, nunca deixe de explorar suas habilidades. Dê sempre o seu melhor em tudo que faz e será recompensado.


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