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Entre golfinhos e guarás: como foi minha primeira experiência com documentário.

Entre golfinhos e guarás: como foi minha primeira experiência com documentário.
Alexandre Dalmolin
ago. 24 - 4 min de leitura
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Você já esteve em um ônibus lotado depois do trabalho indo pra casa, irritado, cansado e desmotivado com a sua situação, imaginando como seria sensacional aproveitar o fim de tarde com os pés na areia olhando para o mar?

Perdi a conta de quantas vezes estive dentro desse ônibus com esse pensamento.

Agora, deixa eu te contar que algumas semanas atrás eu estava aproveitando o pôr do sol olhando para o mar enquanto golfinhos passavam pelo meu lado e várias espécies de aves voavam por cima da minha cabeça.

Foi um caminho e tanto daquele ônibus até o barco em que eu estava nesse dia.

Um pouco de contexto então.

Eu fiz Cinema no Centro Europeu. Comecei no início de 2019. Ano passado, 2018, eu estava na faculdade estudando Direito e estagiando.

O pensamento do início desse texto esteve na minha cabeça toda vez que eu entrava no ônibus pra ir para o trabalho e para voltar para casa.

Havia algum tempo que o Direito já não fazia sentido pra mim. O ciclo "eat, sleep, work, repeat" me deixava cada vez mais angustiado.

Minha válvula de escape era sentar e assistir documentários sobre experiências que eu queria estar tendo, lugares e pessoas que eu queria estar conhecendo, sobre a vida que eu gostaria de estar tendo.

Pois, a ideia "absurda" de fazer cinema no lugar de Direito foi tomando cada vez mais concretude. Cinema era um sonho e virou um plano.

Eis que um belo dia, enquanto eu estava justamente assistindo um documentário (e isso é verdade, não estou puxando saco do professor hahaha) meu professor de documentário me pergunta se tenho interesse em participar de uma produção. E cara, como eu tinha interesse.

A produção se trata de um episódio de uma série de documentários sobre a Grande Reserva Mata Atlântica.

Fomos para Cananéia no litoral de São Paulo e, olha, se fosse para descrever a experiência em uma única palavra, ela seria: MÁGICO!

Mas eu posso usar mais de uma palavra, felizmente.

Eu adoraria fazer um diário de bordo de como foi a viagem aqui, mas ia ficar muito longo.

Peguei tudo que eu aprendi nas aulas e nos sets que tivemos da turma (e muita fita crepe) e fui.

E cara, por mais que você se prepare e estude, eu acho que nada te prepara tão bem quanto ir gravar um doc.

Eu não imaginava que seria assim quando eu estava na sala de aula vendo a trajetória de Nanook.

Foi cansativo, e esse é o único adjetivo negativo que cabe aqui.

De resto, foi incrível, aprendi muito.

Não apenas sobre a técnica de como gravar uma entrevista, sobre como escolher um bom background, sobre como gravar boas imagens de cobertura, mas também sobre o assunto que fomos gravar e principalmente sobre a vida de várias pessoas que ali moram, e que antes eu não fazia ideia de como era.

Teve um momento, no último dia, enquanto estávamos indo procurar golfinhos e guarás, que eu sentei no banco do barco e fechei os olhos enquanto o sol batia nas minhas costas e o vento batia no meu rosto.

Esse foi um dos momentos mágicos da viagem toda.

Vou fazer uma comparação meio tosca mas fique comigo aqui.

Sabe o clipe de Gorillaz - Feel Good? onde tem um cara sentado na ponta de uma ilha voadora seguindo em direção ao horizonte no fim de tarde?

Eu me senti ali, em um lugar onde as possibilidades são infinitas e eu sigo constantemente em direção ao horizonte, para onde eu quiser.

Uma das coisas que ficaram na minha cabeça depois da gravação desse documentário é que o meu lugar é onde estou com o rosto queimado, cheio de picadas pelo corpo, carregando sei lá quantas mochilas minhas costas aguentarem, almoçando o que der, passando frio ou calor, mas conhecendo novos lugares, pessoas e histórias que valham a pena serem transmitidas.


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