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Fotógrafa que é professora, ou professora que é fotógrafa?

Fotógrafa que é professora, ou professora que é fotógrafa?
Fernanda Biazetto Vilar Fabricio
jul. 26 - 5 min de leitura
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Minha vida sempre teve a fotografia por perto. 

Quando eu era pequena na década de 80, meu pai tinha uma câmera fotográfica (isso não era comum como hoje). Quando viajávamos fazíamos muitas fotos e ele me deixava fotografar.

Na minha família todos tinham uma relação com a imagem.

Meu avô também gostava de fotografia, fazia tudo em slide (aquela fotinho que precisa de um projetor para assistir em uma sala escura).

Eu adorava as sessões de slide na casa dele. O barulho do projetor era maravilhoso. Era um cineminha mudo, parado, colorido. Eu ficava imaginando as cenas.

Quando eu tinha 14 anos, tive as minhas primeiras experiências com o mundo da fotografia. O pai de um amigo era publicitário e levava a gente para ver sessões de foto e filmagem.

Eu ali descobri que queria trabalhar com imagem. Achava o máximo, cheio de glamour, sempre fui doida por ser diferente, e aquilo era sensacional.

Vim parar em Curitiba no início da década de 90, para fazer faculdade. O curso que encontrei aqui pra mim, que trazia um pouco deste universo das imagens, foi a Publicidade.

No último ano de faculdade, após vários cursos e workshops, de cinema, publicidade e fotografia, acabei sendo assistente de uma fotógrafa. Foi maravilhoso.

Ali minha vida mudou. Foi um ano de experiência. No estúdio, além de fotos de publicidade e moda, também eram ofertados cursos de fotografia.

Eu aproveitava para me aprimorar. Acabava sendo assistente de foto e monitora de aula. Descobri que o que eu realmente queria era ser fotógrafa.

Essa fotógrafa foi uma mãe, ou melhor, uma irmã um pouquinho só mais velha, pra mim. Quando ela foi estudar fora, me confiou seus clientes, equipamentos, tudo!! E aí eu aprendi na marra.

Fui me associar a outra fotógrafa que fazia fotos de casamento, começamos a fazer as fotos juntas. Cara, coragem e frio na barriga!

Uns 3 anos passaram e a fotógrafa que havia ido morar no exterior para estudar voltou. Propôs uma sociedade entre ela, mais uma fotógrafa publicitária e nós duas que fazíamos casamentos.

Nasceu meu primeiro estúdio. O espaço era enorme, muitos trabalhos. Mas essa atividade de foto tem momentos de altas e baixas demandas.

Assim, em um dia de baixas, resolvemos abrir uma escola de fotografia junto com o estúdio. Essa foi minha primeira experiência dando aula.

Estudei, treinei dando aula para elas, para meu namorado, para minha mãe, hahahahaha. As turmas eram pequenas, de 6 alunos, algo muito tranquilo, e para falar sobre um assunto que eu amo, fotografia.

Eu me dividia entre as fotos que fazia de casamento e no estúdio e algumas aulas que eu dava durante a noite.

Eis que de repente, surgiu uma oportunidade de dar aulas em uma universidade. A professora que dava aulas estava saindo e precisavam urgente contratar alguém para substituir.

Como era a universidade que eu havia estudado me indicaram. Não pensei que daria certo, eram 5 candidatos para a vaga. Mas dei a aula com paixão.

Achei que seria uma maneira de divulgar a nossa escola, e fazer contatos para fotografar mais. Pensei “fico um ano como substituta e depois saio, para continuar meus planos”. Hahahahaha. Isso faz 20 anos!

Me apaixonei pela sala de aula. Lembro até hoje do meu primeiro dia, não era frio na barriga, era gelo! Devo ter gaguejado, ficado vermelha, eram 60 alunos em sala, mas foi lindo.

Dali percebi que precisava de mais, fui fazer curso de didática do ensino superior. Mestrado em Educação e em Comunicação e Linguagem. Queria ser melhor, saber mais, me aperfeiçoar.

O momento mais feliz é dentro da sala de aula, falando, escutando, vivendo. Acho que é meio vampiresco, sei que sugo a juventude de meus alunos.

E dou pra eles o meu sangue. O meu amor pela fotografia. A cada dia de aula aprendo mais sobre fotografia.

Hoje se alguém me pergunta minha profissão não falo publicitária, que é minha formação acadêmica, nem fotógrafa, que é minha experiência de mercado, mas digo professora, porque é minha paixão e o que eu mais faço hoje.

Aos poucos fui abrindo mão das fotos comerciais e profissionais para dar cada vez mais aulas. Com meus 45 anos, 25 como fotógrafa, 20 como professora, continuo fotografando, assuntos mais autorais, artísticos, brinco com a fotografia.

Mas as aulas, essas são pensadas, estudadas, elaboradas. AMO de verdade. E nem sei se um dia irei parar!

 


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